Planejar é uma das tarefas mais importantes no ambiente corporativo. Infelizmente, às vezes também é uma das mais negligenciadas. Muitas pessoas e organizações, ávidas por agir, acabam dedicando tempo aquém do necessário para analisar cenários, definir estratégias e táticas, construir planos de ação e, só então, de fato executá-los.
Este é, entre outras questões, um aspecto cultural. Em diferentes mercados internacionais, a cultura organizacional de planejamento é mais forte. No Brasil, este ainda é um fator que merece atenção de lideranças em todos os setores de atuação, e em organizações de diferentes portes. Além disso, planejar o futuro de uma organização, não se trata apenas de delimitar iniciativas relacionadas a áreas como marketing, vendas e atendimento, por exemplo. O planejamento jurídico também é essencial para o sucesso das empresas.
Planejamento estratégico no contexto corporativo atual
Um dos principais aspectos que diferem o atual cenário empresarial de como ele era há algumas décadas é a velocidade das mudanças. Tempo atrás, era comum o desenvolvimento de planos estratégicos de longo prazo. Muitas organizações promoviam planos detalhados para 3 ou 5 anos, que eram seguidos basicamente à risca. Isso era possível porque, até então, dependendo do segmento corporativo, o ritmo de mudanças era bem menos acentuado do que é hoje. Assim, realmente era possível antever e se preparar para o futuro de uma maneira diferente.
Hoje, planejar continua sendo uma tarefa essencial, porém cada vez mais complexa. O acelerado processo de inovação tecnológica, bem como a crescente instabilidade política, econômica e sociocultural a nível global fazem com que seja virtualmente impossível prever o que acontecerá num futuro próximo. A análise de tendências, fundamentada sobretudo na grande quantidade de dados disponíveis, é forte aliada neste processo de identificação de padrões e mapeamento de ações necessárias.
No entanto, é preciso desenvolver um novo conceito de planejamento, focado em capacidade de adaptação, versatilidade estratégica e ações de curto prazo, visto que eventuais mudanças necessárias já não são mais uma questão de “se”, mas de “quando”.
Por que integrar setores diversos no planejamento corporativo é importante
Um dos pontos importantes para as organizações que almejam desenvolver planos eficientes no contexto atual é o perfil dos envolvidos no processo. Não há espaço para que um único setor esteja encarregado de planejar, enquanto os demais executam as diretrizes definidas. É preciso que os esforços sejam colaborativos e plurais, de modo que as estratégias sejam construídas por profissionais com expertises e perfis diversos.
Equipes jurídicas, por exemplo, têm muito a contribuir com uma visão abrangente acerca da viabilidade legal das propostas levantadas, identificação de mecanismos necessários, questões relacionadas a prazos, limitações regulamentares e eventuais mudanças a serem monitoradas, sobretudo a partir de novas leis em trâmite, por exemplo.
Portanto, ao promover um espaço de construção e planejamento baseado na soma de diferentes visões empresariais, a organização só tem a ganhar. Um planejamento estratégico elaborado dessa forma possui menos chances de ser drasticamente inviabilizado por mudanças não previstas, ou ainda de ser executado e não gerar os resultados esperados.
A importância do setor jurídico para o planejamento da sua empresa
Diante disso, surgem algumas perguntas cruciais: onde entra o setor jurídico nessa integração entre diferentes setores? E qual a função específica de contar com este aspecto em um planejamento estratégico corporativo? As respostas passam por uma abordagem específica chamada planejamento estratégico jurídico, ou planejamento jurídico. Em síntese, o objetivo é alinhar os objetivos de negócios definidos anteriormente aos mecanismos legais mais coerentes e assertivos à realidade da empresa em questão.
A partir do trabalho integrado entre o setor jurídico da organização e um escritório com profissionais especialistas em Direito Empresarial, é possível promover uma série de ações extremamente importantes e necessárias para garantir que o desempenho da operação, para além do âmbito legal, seja bem-sucedido:
- Mapear, identificar e analisar riscos, preparando planos de contingência e demais ações necessárias de maneira estruturada e alinhada ao perfil da marca;
- Imersão na realidade do setor e peculiaridades da empresa, de modo a definir medidas de ação e eventual reestruturação ou ajustes pontuais;
- Construção de diretrizes e planejamento de processos de acordo com as necessidades técnicas e objetivos do negócio;
- Antecipação de fatores internos e externos associados a oportunidades de melhoria e ou necessidade de acompanhamento;
- Etc.
Este trabalho se aplica a diferentes áreas de atuação relacionadas ao direito, mas, de modo geral, um planejamento jurídico tende a abranger conteúdos e ações de compliance, planejamento trabalhista, tributário e societário, governança sucessória, gestão contratual, organização e proteção à propriedade intelectual, dentre outros.
Tais esforços são importantes para gerenciar, mitigar e atenuar riscos, produzir linhas de atuação bem estruturadas no ambiente interno, personalizar a ação do setor jurídico de acordo com o segmento de atuação, o porte da empresa e outras peculiaridades da estrutura operacional etc.